Esta é uma das pragas mais recentes.
Os motoristas que tiveram o direito de dirigir suspenso deverão entregar a carteira de habilitação imediatamente.
Os manifestantes tiveram negado o pedido de isenção pelo juiz.
Há algo de errado nessas frases? Gramaticalmente, não.
Mas é feio para caraleo.
Isso porque inventaram, nos últimos anos, mais um uso para o verbo ter. Até bem pouco tempo atrás, a gente o empregava como sinônimo de possuir. Ele também serve como verbo auxiliar. Agora, é metido como muleta numa construção que considero no mínimo preguiçosa.
Para evitá-la, vocês devem inverter a frase ou usar uma palavra execrada por muita gente: cujo.
Eu não tenho nada contra cujo, pelo contrário: acho até um termo elegante, sobretudo quando vem ladeado de preposições. O concurso a cuja premiação eu me referi aceita inscrições até amanhã. Lindo, né?
Ainda que eu não tenha nas mãos uma sentença condenando à morte essa construção, nem um argumento inquestionável o suficiente para bani-la, peço que reconsiderem e dêem mais carinho ao dito cujo.
Em tempo! Vejam como ficariam as frases lá de cima sem essa praga:
Os motoristas cujo direito de dirigir foi suspenso deverão entregar a carteira de habilitação imediatamente.
O juiz negou o pedido de isenção feito pelos manifestantes.
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