sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Dito cujo

Esta é uma das pragas mais recentes.

Os motoristas que tiveram o direito de dirigir suspenso deverão entregar a carteira de habilitação imediatamente.

Os manifestantes tiveram negado o pedido de isenção pelo juiz.

Há algo de errado nessas frases? Gramaticalmente, não.

Mas é feio para caraleo.

Isso porque inventaram, nos últimos anos, mais um uso para o verbo ter. Até bem pouco tempo atrás, a gente o empregava como sinônimo de possuir. Ele também serve como verbo auxiliar. Agora, é metido como muleta numa construção que considero no mínimo preguiçosa.

Para evitá-la, vocês devem inverter a frase ou usar uma palavra execrada por muita gente: cujo.

Eu não tenho nada contra cujo, pelo contrário: acho até um termo elegante, sobretudo quando vem ladeado de preposições. O concurso a cuja premiação eu me referi aceita inscrições até amanhã. Lindo, né?

Ainda que eu não tenha nas mãos uma sentença condenando à morte essa construção, nem um argumento inquestionável o suficiente para bani-la, peço que reconsiderem e dêem mais carinho ao dito cujo.

Em tempo! Vejam como ficariam as frases lá de cima sem essa praga:

Os motoristas cujo direito de dirigir foi suspenso deverão entregar a carteira de habilitação imediatamente.

O juiz negou o pedido de isenção feito pelos manifestantes.

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