domingo, 14 de junho de 2009

Sobre o Twtiter

O portal de microblogs sempre esteve lá, mas parece que de uns meses para cá a coisa tornou-se febre, e, como toda febre, desperta paixões e ódios.

Razões declaradas para odiar: há quem pragueje contra os parcos 140 caracteres do limite que nos é imposto. Outros reclamam da futilidade de alguns usuários. Alguns, não tão radicais, alegam não ter tempo de ficar tuitando o tempo todo.

Vamos nos ater primeiro à questão da futilidade. De fato, muita gente leva ao pé da letra o convite que o Twitter faz no seu cabeçalho: What are you doing? - e lá vai o sujeito relatar as coisas mais irrelevantes de sua vida. O cúmulo se dá quando, mesmo dentro dessa irrelevância toda, o nada impera - mas o sujeito precisa manter os tweets, e aí despeja qualquer coisa. Até um bom-dia.

O limite: se isto fosse um tweet, teria estourado os 140 caracteres antes mesmo de terminar o primeiro parágrafo. O espaço teria acabado em paixões. Muita gente verborrágica diz que isso não dá para nada.

O tempo: eu, de fato, não o tenho. Meus afazeres me impedem, prática e eticamente, de ficar tuitando o tempo todo. O site sugere - ou melhor, quase impõe - uma atualização frenética. Não consigo.

Então o Twitter é tudo de ruim?

Muito pelo contrário.

Nada do que acontece ali é diferente do que ocorre na Internet em geral. Não é difícil achar blogs com besteira. O que mais povoa a Web é porcaria, e muita gente grande já aprendeu que basta não acessá-la e filtrar o que quer ver.

A mesma coisa se dá no Twitter. Uns poucos usuários sacaram que a ferramenta oferece muito mais do que um relato em tempo real de uma vida ordinária e passaram a usá-la como um plantão de coisas bacanas. Há quem leve isso muito a sério: são jornalistas tão ligados e tão pilhados que tuítam para dizer que a Pinheiro Machado está engarrafada.

Bobagem? Pode ser, mas essa mesma pessoa pode dar um 'furo' ou, numa perspectiva mais humilde, contribuir para uma apuração com uma visão diferenciada.

Mas eu vejo no Twitter uma vantagem prática: ele é ótimo para nos apontar tendências, ou simplesmente fazer pipocar um assunto legal. Um exemplo: na segunda-feira seguinte à queda do Airbus, fiz uma pesquisa de teste para ver o que se falava de airfrance e Air France. Mal e porcamente, de cada 10 mensagens, tínhamos 5 'besteiras', do tipo gente chocada, gente triste. Três traziam links para notícias óbvias ou as reproduziam - nos 140 caracteres, pois. As duas restantes eram atualizações pertinentes, em cima do lance. Detalhe: a cada minuto, pingavam centenas de tweets.

Se você está entediado com os usuários que você segue, apenas se dê ao trabalho de abandoná-los. Há gente legal no Twitter. Gente que posta humor, gente que compartilha links legais. Gente que não está lá para colocar qualquer coisa.

Quanto ao tempo, não tenho uma contra-argumentação decente, mas questiono se realmente é necessário alimentar sua página com 400 tweets diários. Às vezes basta um RT - sigla para re-tweet, uma forma de você manter um tweet em evidência e bombá-lo - para dar o recado.

E quanto aos 140 caracteres? Já dizia Carlos Drummond de Andrade: escrever é cortar palavras. Se bem que, para publicar este post no Twitter, precisaria de 22 updates...

Um comentário:

Unknown disse...

Eduardo, adorei o seu blog! Entrei pelo seu post no twitter hj. Sabia que eu odiava português na escola e que a minha matéria predileta era matemática? Pois é, e aqui estou eu. Vou virar frequentadora. Há tempos, me cobro que tenho que dar uma olhada na gramática para lembrar algumas coisinhas. Agora tenho o seu blog. É muito mais prático e legal do que pegar aquela gramática velha cheia de poeira da estante. Bjs, Madá