sábado, 5 de abril de 2008

Reforma esburacada

Muita gente anda me perguntando se é para deixar de botar o trema.

Não! A reforma ortográfica ainda não entrou no papel (até porque se saísse do papel é que não ia pegar mesmo)!

Só para relembrar: a reforma, em tese, já poderia ser adotada. Antes, os países que vivem o português combinaram de mudar a escrita quando todos concordassem com as regras. O que era para ser unânime acabou virando uma modesta representação, pois mudaram a 'exigência' para a aceitação por apenas três das nações. E Portugal está de fora, ainda.

O assunto voltou à tona porque, em tese, basta a assinatura do presidente Lula para que as gráficas deste país comecem a trabalhar sem parar. Os defensores da mudança querem que os livros didáticos já venham com a nova ortografia já em 2009.

Mas semana passada eu bem descobri um... buraco, por assim dizer, na tal da reforma. Até agora todos estamos reféns dos poucos exemplos garimpados nos jornais. Assim é fácil. Eu quero ver quando, no meio de uma dúvida, alguém cravará que mesozoico terá ou não acento.

O buraco é o seguinte: a reforma vai derrubar quase todos os acentos dos ditongos: ói, éi, êe... mas faltou um.

Olhe para o céu! Com a reforma, você vai escrever ceu?

Pois esse acento não vai cair.

Podem espernear, fazer um escarcéu. Não sei por que cargas d'água deixaram esse acento. Mas eu me arrisco.

Lembram-se da minha lucubração sobre acentuação? Eu havia dito que os acentos são a marca da exceção: estão aí para nos orientar quando uma palavra deve ser dita e escrita de outra forma que não a imaginada pelo senso comum.

Deve ser influência do eu e seus derivados. Falamos êu. Daí, se tirássemos o acento dos éus, como falaríamos, por exemplo, beleleu?

Minha querida professora Neide levantou essa questão. Acredito que haja muitas outras.

Um comentário:

Unknown disse...

Eu concordo com o seu ponto de vista.
Levando em conta que o governo não encontrou outros lugar para justificar os impostos que pagamos (que não são poucos) agora, como se não bastasse, os alunos em colégios do país inteiro que ja tinham suas dificuldades naturais pra aprender encaram essa reforma que piora ainda mais a qualidade de apreendizagem.