sábado, 16 de fevereiro de 2008

Conto-do-vigário-de-fadas

Foi notícia esta semana o crime contra o nosso idioma cometido pela publicação do 'livro' Tesouro Musical Mágico: Princesas, com a 'chancela' da Disney.

Na boa? Eu contei, só de erros, mais de 80. Não levei em consideração outros graves problemas, como os atropelos na hora de espremer as histórias, a péssima redação — fruto provável de uma tradução equivocada do inglês — e a interminável repetição de palavras.

Todos esses 80 erros entrariam numa categoria chamada 'gato com J', ou seja, erros tão crassos que agridiriam os olhos como uma ponta de faca.

O livrinho, que traz como 'bônus' uma caixinha de música, mutila seis clássicos de Walt Disney, todos com histórias açucaradas de princesas, bruxas e afins.

Vírgulas no lugar errado, acentos desnecessários, regências ignoradas e crimes ortográficos infestam as 40 páginas do livro. Exemplos?

"Mas Branca de Neve continuava sendo alegre, e cantava com frequência..."
"Quando o príncipe e Branca de Neve se conheceram, se apaixonaram instantâneamente".
"Rápidamente pôs o vestido..."
"Cada uma das fadas presentearam..."
"Em uma das arriscadas viajens de Ariel até a superfície, nadou ao lado de um barco..."
"Sebastião, o carangueijo guardião..."
"Ele não queria ver sua filha sob o contrôle da Úrsula, então se ofereceu em troca. Uma vez que Tritão se tornou da Úrsula..."
"E por fim, Ariel fêz parte do mundo do Eric".
"Ela podia escapar da monotonía do dia-a-dia".
"E fugiu deixando Maurice sózinho e perdido".
"Porém, haviam certas coisas..."

Escrever para crianças é muito mais difícil que escrever para adultos. Os autores precisam ter a sensibilidade de não subestimá-las nem de publicar em sânscrito, por exemplo. Mas a regra número um, ao meu ver, é não errar. E essa norma vale para literatura e para livro didático.

Ninguém quer uma ditadura da Norma Culta, e acho errado blindar as crianças das informalidades da língua. Retomo o propósito deste blog: venerar o português, mostrar o valor de falá-lo e escrevê-lo corretamente, mas sem traumas.

É motivo de preocupação, porém, quando se contam inúmeros erros básicos numa obra de grande apelo, que deveria ser referência para educadores.

O que mais me espanta é que, no expediente, consta que houve uma revisão.

Um comentário:

André disse...

Fala Dudu!!! O negócio e não dar livro da Disney!! ahahahah Esqueçamos a Disney!! aahahahah

Gra Abraço!

Andréeee Lobatooo